SAUDADE

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Clarice Lispector

sábado, 3 de julho de 2010

Caos

Discurso da Turma de 2009 CJSP – 06/02/2010 - Texto do Prof. Edison Silvestre - Sociologia (Formandos 3o. colegial; no caso, meu filho C.Henrique)

Afinal de contas, porque nos esforçamos tanto pra conhecer, pra ter sabedoria?
Tenho certeza que essa dúvida assolou vossas mentes, mesmo que por uma pequena fração de segundo, em algum momento durante este último ano em especial.
Então, o que justifica nossa sede de saber?
É bem possível que o que tenha inaugurado em nós esse delicioso desejo tenha sido um certo caos....uma desordem interior, um caos que nos lança, que nos faz dar um salto em busca de respostas para as perguntas que nos incomodam, pois o não conhecer incomoda!

Falo de um caos semelhante ao que, na idade antiga, levou Sócrates a interrogar os atenienses acerca do belo, do justo, do ético.
Que, no início da idade média, auxiliou Agostinho a erigir os alicerces da sua cidade de Deus.
Caos que na idade das luzes moveu Kant a purificar a razão.
E que em meados do século XX fez ver aos existencialistas a existência sobrepujando a essência.

Caos este que me faz lembrar de um pensador chamado Nietzsche “ E preciso ao homem ainda um pouco de caos para dar à luz uma estrela dançante”.

E eu , certo de ser portador de uma questão que não é só minha, mas de todos os mestres que atravessaram o vosso caminho, vos pergunto: há ainda este tipo de caos dentro de vos? Caos para recobrir vosso espírito de indignação quanto às injustiças, caos para irritar-lhes e inquietar vossa alma diante da ignorância; caos, fogo que aquece e ilumina o encanto de pensar por si só?

Nossa missão, como vossos mestres, se encerra aqui; e a esperança que não cabe em nossos corações é a de ver pra sempre acesa a chama, o caos, enfim, o amor pela sabedoria, afinal, disse Carlos Drumond “amar se aprende amando”.

Um comentário:

  1. Elisangela Sampaio Maia3 de julho de 2010 às 22:27

    É...pura verdade. Somente no caos que descobrimos o qto ainda é preciso crescer para nos ajustar a toda transformação que "queremos ver", pena muitos ainda não "aceitarem" que a mudança do caos depende de nós mesmos. Muito feliz esse texto. Adorei e viva o CAOS com o que ele tem de mais proveitoso o estímulo e não a ausencia!!

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